31 agosto 2006
Às vezes comove-me a velocidade a que a safety net se abre assim que entro em pânico.
Alívio
Depois de alternar, de forma doentia, entre uma paz imensa e espasmos, agora estou num estado zen-com-pernas-bambas.
30 agosto 2006
Stress me up!
Quando estou stressada dá-me para roer as unhas e fico cheia de dores no pescoço. Graças a Deus que é só quando estou stressada e eu nunca fico stressada, senão virava uma daquelas freaks nervosas, sem unhas e no ioga.
Decisão
Demoro séculos a decidir o que quer que seja. A escolher. E sempre, sempre, que tomo uma decisão, seja ela qual for, ela é sempre questionada.
29 agosto 2006
Fanico
O que é que acontece a uma pessoa que não consegue tomar decisões e é posta entre a espada e a parede?
?
Não sou muito paciente. Como tal não gosto que me deixem na incógnita.
Já no Incógnito, a conversa é outra...
Já no Incógnito, a conversa é outra...
Arte
Para mim a arte, na maioria dos casos, não me interessa enquanto forma de comunicação. Estou-me nas tintas para a mensagem que o autor pretendia passar. Na maior parte dos casos estou-me nas tintas para o autor do objecto em análise. Interessa-me, apenas e só, a forma como eu, e apenas eu, capto a mensagem. Apesar de saber que é uma forma egocêntrica e até narcísica de encarar a arte - ou, vá, o Mundo - sou como sou e não peço desculpa por isso. Acho também que é esta a razão - graças a Deus e à Santíssima Trindade - porque nunca serei uma "pseudo-qualquer-coisa-de-preferência-intelectual".
28 agosto 2006
Cobardia
Gostava de um dia ser recordada como tendo sido uma pessoa corajosa. Gostava que o Padre, nessa cerimónia que adivinho aborrecida, evocasse toda uma lista de actos corajosos em que eu seria a protagonista. Claro que, para tal acontecer, para Padre teriam de contratar um comediante.
Reencontro
É como se Adão nos desse a humanidade e Eva o pecado. Desde então somos todos uma variação genética limitada. E, nos momentos mais inesperados, reencontramos partículas que pensávamos haver perdido há muito. Até às escuras, nos confins do Lux.
25 agosto 2006
...
Começo a sentir saudades daqueles dias frios e secos, cheios da luz branca de Lisboa no Inverno.
Oblíqua
Há um tipo de luz oblíqua que trespassa gentilmente os estores da minha sala. Numa cadência lânguida marca o compasso a que dançam as particulas de pó.
Matrecos
Já era altura de mudar os equipamentos. Tendo em conta as tendências da estação, sugiro algo com bolas.
Memo to me
Quando a atmosfera deixa prever que irá haver caipiroska num futuro próximo, jantar algo mais do que um tomate e queijo fresco.
24 agosto 2006
Tenho para mim...
Que o mundo anda para a frente não devido a grandes revoluções, mas sim graças a pequenas vitórias.
23 agosto 2006
Pespontos
Trago hoje vestidas umas calças de ganga que eram da minha Avó. De uma altura em que as "senhoras" não vestiam calças de ganga. E são fixes, mesmo fixes, estas calças. Porque são assim largas, mesmo largas, como as dos hippies. Não que a minha Avó fosse hippie ou assim. Pelo contrário. Estas eram as calças para "passear no barco". O que gosto mais nas calças, para além de serem largas, é o facto de terem pespontos cor-de-rosa. Pelo que, arrisco-me a dizer, ninguém tem umas calças iguais a estas. Hoje, posso ser "a menina das claças com perspontos cor-de-rosa".
O princípio do fim do anonimato
Pode não saber como me chamo, o que faço ou onde vivo. Pode não saber que bato palmas quando as coisas me correm bem, que as minhas gargalhadas se ouvem do outro lado do mundo, nem que quando espirro peço desculpa. Não sabe que até me levantar o despertador tem de tocar precisamente 5 vezes, que tenho uma cicatriz no pé e que odeio comer caracóis. Não sabe que sou desafinada, refilona e que adoro fazer carreirinhas na praia. Não sabe o nome de nenhum dos meus amigos, nem a minha música ou filme preferido. Não sabe nada sobre mim. Mas assim que me vê, põe um café - sem açúcar - e um copo de água em cima do balcão.
22 agosto 2006
Limite
Quando começo a ter "discussões conjugais" com o meu Pai, sei que é tempo de sair de casa - ou de arranjar uma empregada temporária.
21 agosto 2006
Just a Smile
Interrompemos o curso natural do blog para um momento de profundo egocentrismo:
Posso dizer, e tenho provas e testemunhas, que passa agora um anúncio na televisão cujo tema sonoro é interpretado por uma banda cujo vocalista considerou um dia o meu sorriso, "o sorriso mais bonito do Lux".
O blog segue como habitual já em seguida.
(e não vale deixar nos comentários bocas foleiras a dizer que este blog é SEMPRE egocêntrico).
FDS
Foto retirada daqui: http://fotoszonapinhal.blogspot.com/ (como não gosto de dar uma bimba de telemóvel em punho e não levei pen para me darem logo as fotos que tirámos com máquina, tive de me desenrascar)
Apesar das previsões de sexta-feira e do mau-humor de segunda, o FDS correu bastante bem. Dormi, tomei banho no rio (não amei), fui perseguida por abelhas, vi mé-més mesmo ali ao lado, ri-me, cantei Madonna com coreografia (back vocal), dancei (e cantei, para mal dos vizinhos da pacata terra dos Vales) músicas do tempo do Benzina, do Whispers, do Rockline e do T (com a óbvia discussão dos limites temporais de cada uma das épocas). Windsurf é que nicles. Faltou-me capacidade de bufar, uma vez que não havia vento.
Princesa
Compreendo pessoas maquiavélicas, stricto senso. Diria até que me fascinam. Respeito por isso todos os adversários que estão à minha altura. Coisas mal feitas é que não. Descobrir que tentaram passar-me a perna de forma amadora, deixa-me quase humilhada. Mereço mais e melhor.
18 agosto 2006
17 agosto 2006
Crescer
Quando somos pequenos, ninguém nos ensina que assim que acabamos de cescer, começamos a envelhecer.
Amor à Primeira Vista
Andar na rua e sentir uma implosão cardíaca. E no vazio plantar o cancro do esquecimento.
"La lettre écrite m’a enseigné à écouter la voix humaine"
Claramente, a Marguerite Yourcenar nunca sequer sonhou com o Gmail Talk.
16 agosto 2006
Cambiare tutto perchè nulla cambi
Uma nova forma de ver as coisas...
Ao contrário do meu costumeiro - o melhor é não fazer nada que as coisas evoluem...
Ao contrário do meu costumeiro - o melhor é não fazer nada que as coisas evoluem...
Katharsis
Encontrar-me. No meio do que fui, do que quis, do que já não sou, do que já não quero, de sonhos antigos, sonhos novos, sonhos que foram, sonhos que são. Encontrar-me. Com medos, porque sempre fui mariquinhas. Encontrar-me. Deixando para trás tudo o que me prendia, afundava, tudo o que já não era mas teimava em ser. Encontrar-me. Sem esquecer o que fui, sem negar o que fui e o que quis, sem deixar para trás os sonhos que não eram caprichos. Encontrar-me. A mim, eu, hoje. Sem supérfluos.
O monstro
Houve uma altura em que enfrentei um monstro com, sem exageros, 8 metros cúbicos. De roupa, claro.
Catarse
Arrumar roupeiros ao fim de 10 anos. Arrumar uma época que, ao fim de 10 anos, estava a ficar bafienta. E démodé.
14 agosto 2006
Relógio Biológico Esquizofrénico
É como se ovulasse de cada vez que vejo um bebé. Entro em pânico cada vez que me falam em assentar.
11 agosto 2006
Uma questão de inteligência
Acho que se esqueceu das nada bonitas e nada inteligentes. Estão conscientes da sua fealdade mas não têm qualquer capacidade para alimentar o intelecto. São inteligentes os homens que as escolhem. Têm uma serva em potência em cada uma destas mulheres que a tudo se submetem pelo homem que um dia para elas olhou. Ganham, esses homens, companhia para o seu ego, na certeza de que não serão contrariados (nem sequer interrompidos) e, como alguém inteligentemente lembrou, são mulheres "cornos-free".
Tenho para mim que estas tipas demonstram algum sintoma de psicopatia, mas trata-se, claro, de um mal menor.
Tenho para mim que estas tipas demonstram algum sintoma de psicopatia, mas trata-se, claro, de um mal menor.
10 agosto 2006
Balance
A morte traz, em última análise, uma mensagem de esperança: para nós é sempre um começo, uma vida nova que segue que nasce da mudança. Um eu alternativo ao que éramos antes de tudo, antes da morte. E respirar deixa de ser um automatismo para ser uma acto de vontade no momento em que estamos perante uma urna ocupada pelo que foi um ente querido. Aquele corpo, naquele instante, deixa de ser suor, lágrimas, toque, pele, para se tornar um monte de células em decomposição. Aquele que habitava o corpo, nunca habitará o espaço exíguo de um caixão. Fica retido na memória lassa que dele guardamos, enriquecendo os nossos pensamentos de matéria única. A morte traz, em última análise, uma mensagem de esperança: dar suor, lágrimas, toque e pele às células que ainda não se decompõem.
Over & Out
Dizes que sou inteligente, digo-te que sei que vais encontrar quem seja bem mais inteligente que eu. Dizes que é o meu sorriso e teimas em adorar o meu nariz. É tão fácil encontrar alguém mais bonito. Depois dizes que não, que não é sequer físico ou intelectual. Que é apenas a forma como te faço rir, aquilo que és quando estás comigo. Então, meu caro, nada mais me resta que o cliché: não és tu sou eu.
Proximitate
A familiaridade mede-se pelo diálogo dos gestos, a intimidade mede-se pelo reconhecimento do toque.
09 agosto 2006
Aos que estão de Férias
Se alguém passa agora nos areais,
Se alguém passa agora nos pinhais,
Diz,
Em gestos plenos e naturais,
Tudo o que eu, tão em vão, perdidamente quis.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Se alguém passa agora nos pinhais,
Diz,
Em gestos plenos e naturais,
Tudo o que eu, tão em vão, perdidamente quis.
Sophia de Mello Breyner Andresen
MMS
É um bocado bimbo aquele pessoal que passa a vida a tirar fotos com o telemóvel. Aquilo é para uma situação assim mais inesperada. De férias leva-se a "câmara" (só) e depois (depois) mostram-se as fotos aos amigos - ou não, dependendo do grau de fotogenia.
MMS é para a galhofa ocasional, para trabalho e pouco mais.
A menos que se seja adepto do tunning, culturismo e sunga. Aí o uso da câmara fotográfica do telemóvel e do MMS é uma coisa intrínseca. Como a camisa Sacoor.
MMS é para a galhofa ocasional, para trabalho e pouco mais.
A menos que se seja adepto do tunning, culturismo e sunga. Aí o uso da câmara fotográfica do telemóvel e do MMS é uma coisa intrínseca. Como a camisa Sacoor.
"Querida"
Detesto que me qualifiquem como "querida". Até porque, se há coisa que não sou intrinsecamente é "querida". Sempre que sou "querida" estou a contruir uma personagem, é um modo de socialização básico. Tenho alturas "lamechas" e até "mimalhas", como gaja que sou, mas "querida" é coisa que sou quando quero evitar problemas que a "Joana" arranjaria. Assim, sempre que acho que a expressão "vai morrer longe" poderá, eventualmente, cair mal e consequentemente trazer-me alguns problemas, visto a pele da "querida", da "boazinha". E sou o máximo neste papel. Fantástica. Tão absurdamente fantástica que há quem se vicie neste personagem. E de "querida", passo a "mega-querida", "híper-querida", numa escalada vertiginosa e altamente cansativa. Mas o monstro (helás!) acaba por vir sempre ao de cima e a "Joana" emerge com toda a sua força, dizendo tudo o que lhe vem à cabeça ( a começar pelo "vai morrer longe"). Isto nada de mal teria não fosse a "Joana" ter sido esquizofrenicamente educada entre valores puritanos e de uma heresia sem limites. E inevitavelmente a "Joana" acaba cheia de culpa e a achar que ser a "querida" dá infinitamente menos trabalho, embora seja milhares de vezes mais aborrecida e a obrigue, por vezes, a conviver com gente que, de facto, devia "morrer longe".
08 agosto 2006
Monstros II
xxvi. e ainda antes dos sete selos quebrados, caíram as trevas sobre os gestos, o véu nocturno, domínio e ceptro preferencial dos monstros.
cocorosie, "armageddon"
constantino corbain, apontamentos para monstroário
som da tinta
para o dinis. aparentemente, não tens nada de monstro.
cocorosie, "armageddon"
constantino corbain, apontamentos para monstroário
som da tinta
para o dinis. aparentemente, não tens nada de monstro.
Monstros
ix. todos nós somos duplos, o que somos e o que não somos. para além disso, no que somos, somos a cápsula simultânea do bem e do mal, como dr. jeckyll e o mr. hyde. pelo que é estranho que seja já tarde quando nos descobrimos, quando descobrimos que os monstros também somos nós.
serge gainsbourg, "docteur jekyll et monsieur hyde"
constantino corbain, apontamentos para monstroário
som da tinta
serge gainsbourg, "docteur jekyll et monsieur hyde"
constantino corbain, apontamentos para monstroário
som da tinta
Monstros - Ler e Ouvir
i. a amizade é uma relação recíproca. o que significa que os amigos são amigos dos seus amigos. neste sentido, não são os monstros que são nossos amigos apenas. também nós somos amigos dos monstros. e, entre eles, do demónio.
the rolling stones, "sympathy for the devil"
constantino corbain, apontamentos para monstroário
som da tinta
the rolling stones, "sympathy for the devil"
constantino corbain, apontamentos para monstroário
som da tinta
Mea Culpa
Por me ter esuqecido do telemóvel (shame on me) não pude desfrutar do privilégio da sua companhia ao almoço.
07 agosto 2006
Beleza Familiar
As Avós acham sempre as netas bonitas. As velhas acham sempre as novas bonitas. O melhor desta ilusão é os feios encontrarem, finalmente, uma função para o seu rosto - consolarem meia dúzia de velhotas.
04 agosto 2006
Geller
Sabemos que a loucura está a chegar quando nos afastamos o mais possível da nossa personalidade habitual. O facto de estar feliz perante a perspectiva de um fim-de-semana em arrumações e a pintar paredes, preocupa-me. Muito.
Sobrevivendo à Rua do Sol ao Rato
Hoje fui perseguida insistentemente por uma abelha e um grand danois na Rua do Sol ao Rato. Acho que foi a primeira vez, em 25 anos de vida, que bebi um café para me acalmar e não para acordar.
03 agosto 2006
Gmail talk
me: sim, mas isso não é desculpa
cada um ataca com o que tem
eu dar-te com uma faca
é o mesmo que os EUA darem com uma bomba
atómica ao irão
ou que os zulus mandarem setas aos outros
que agora n me lembra o nome
cada um ataca com o que tem
eu dar-te com uma faca
é o mesmo que os EUA darem com uma bomba
atómica ao irão
ou que os zulus mandarem setas aos outros
que agora n me lembra o nome
Ólhó gelado Olá
O primeiro gelado do Verão. Corneto de Morango. Tem o sabor de longas tardes de fare niente...
It's not about money
O que me chateia no novo-riquismo, mais do que os carros espampanantes, mais do que o mau gosto das idumentárias carérrimas, mais do que a falta de maneiras à mesa, enfim, mais do que eles próprios é a forma como se cultivam em fascículos e decoram frases como "adoro a literatura sul americana".
Nublado
Gosto de dias de Agosto nublados. Sublinham a efemeridade da canícula que os cerca e são um prenúncio do ciclo que se (re)inaugura em Setembro.
Or Would I?
Look into my eyes
Can't you see they're open wide
Would I lie to you baby?
Would I lie to you?
Don't you know it's true
Girl there's no-one else but you
Would I lie to you baby?
Would I lie to you?
Can't you see they're open wide
Would I lie to you baby?
Would I lie to you?
Don't you know it's true
Girl there's no-one else but you
Would I lie to you baby?
Would I lie to you?
02 agosto 2006
Anémona
Gostava de ser uma anémona. E morar sempre na calma escura e salgada do fundo do mar. Deixar que as correntes me levassem ao sabor de ventos que não sinto. Viver uma vida chata, que mais não é do que viver apenas, sem hoje, nem ontem, nem sequer amanhã. Viver apenas sem o espectro de ser e de escolher a cada instante.
Apatia
Com o sono, a vida ganha contornos curiosos, difusos pela ironia de quem escolhe uma forma fácil de categorizar o Mundo. Apetece-me gritar e faço-o baixinho, em registo telegráfico e preguiçoso, calcando lentamente no cérebro imagens do que será a memória destes dias.
01 agosto 2006
Auto-Mutilar
Vi uma vez um programa que falava sobre um disturbio que fazia com que as pessoas não descansassem enquanto não lhes arrancassem determinado membro - um braço ou uma perna. Eram pessoas aparentemente normais, mas que achavam que a sua vida não fazia sentido com dois braços ou duas pernas. Sentiam aquele membro a mais. Mais nada. Uma vez retirado o membro em questão, eram pessoas absolutamente normais. Às vezes acho que não posso ser tão lamechas. Coração mole. A minha fraqueza reside no acto de, meramente sentir. Começo a sentir pelo histérico que me palpita sofregamente no peito, o mesmo desprezo que esses doentes sentem por uma perna ou um braço. Tento não o sentir. Tento levar a minha vida como se ele não existisse. Mas é uma ilusão. E ele é responsável tanto pelos afectos como pelas culpas, como pela pena. Por tudo isso, é ele que me anda a lixar a vida. Mas diz que é ainda uma impossibilidade técnica a sua amputação.