28 abril 2006

A mim, o que eu mereço

Nos próximos dias a esquálida pele que cobre o meu corpo encontrar-se-á exposta a todos os malefícios que o Roi Soleil lhe queira infligir.

E ai de quem se intrometa neste tão aguardado e caliente romance...

27 abril 2006

Heresias V

Se Deus existe é problema dele. Preocupo-me apenas com a minha existência.

Heresia IV aqui: o blog do Cebolas, o homem que faz chorar as mulheres...

26 abril 2006

Heresias III

Se Eva fosse anoréctica não tinha comido a maçã.

Maldade Victoriana

Mesmo quando somos honestos somos acusados de brincar com os sentimentos dos outros.

Versículo de Purificação

Não há como um trauma para acabar com um vício.

Heresias II

Tenho para mim que, no Inferno, as pessoas não se julgam umas às outras. Aceitam-se. Cada qual com os seus pecados.

Heresias

Tenho para mim que o Céu é um sítio muito bourgeois.

Descansem

Não se assustem quando escrevo sobre tristezas, medos e outros segredos obscuros da minha mente. Quando estou mal, mesmo mal, não escrevo e digo sempre "está tudo bem". Sempre que me ouvirem a gritar alguma dor (fisica ou emocional), não liguem - é fita.

24 abril 2006

Happy Ending

Ela precisava dele para ser. Ele definia-a. Ele precisava dela para deixar de ser. Ela anulava-o. Tinham uma dinâmica engraçada. Fingiam que não eram aquilo que ambos sabiam que eram. Dançavam num harmonioso pas-de-deux de ambiguidades semióticas, de paradoxos do nada que os dois eram. Não foram felizes para sempre. Não foram felizes nunca. Mas ambos sabiam isso. Os utópicos criticavam-lhes a desesperança. Os cépticos louvavam-lhes a honestidade.

21 abril 2006

?

v. tr.,

ter amor a;
gostar muito de;
desejar;
escolher;
apreciar;
preferir;


v. int.,

estar apaixonado.

Mea Culpa

Sei que estou inocente, mas não consigo deixar de me sentir culpada.

Danger Alarm

Às vezes surpreende-me a capacidade que tenho para, sem querer, magoar as pessoas. Às vezes acho que deveria ter um dístico qualquer a avisar:

Perigo - Capacidade de Sentir em Stand-By

Why, God, Why?

Não bastava a ressaca, para lá de agressiva, ainda fiquei presa no elevador (entre o 1º e 2º andar) e tive de sair de lá armada em Lara Croft de Campo de Ourique içando-me a mim mesma por uma nesga.

20 abril 2006

Economia VI

"Um amor para toda a vida" é um postulado de economia emocional.

Economia V

Nunca hei-de entender um católico que se oponha ao Rendimento Mínimo e ao mesmo tempo defenda excepções fiscais para os Bancos.

Economia IV

O Estado Social seria desnecessário se os ricos fossem Bons.

Economia III

Ao mercado exijo que seja eficiente. Às pessoas exijo que sejam Boas.

Economia II

Quem acha que basta ocupar um posto de trabalho para ter direitos, nunca teve empregados.

Economia

Para o mercado não interessa se somos Bons. Basta sermos bons.

Leituras

Estou constantemente em confronto com o mundo que me rodeia. Para os amigos de direita, sou de esquerda; para os amigos de esquerda sou de direita. Já me chamaram politicamente esquizofrénica e já uma vez me assumi como mula ideológica. E, embora seja frequentemente hóstil em qualquer troca de opiniões divergentes, nunca alguém me acusou de falta de sentido de humor. Pelo contrário. Acho que é o sentido de humor que me permite ser hóstil e mesmo assim continuar a ter amigos. De todas as tonalidades ideológicas.

19 abril 2006

Iron

A ironia é uma arma branca, de aço afiado. Confesso que a uso com frequência e tenho um certo prazer em coleccionar pequenas lascas de egos alheios.

O Fim, O Princípio, O Fim e o Tempo Que Não Pára

Quando sabemos que acabou para sempre é inevitável repensarmos todo o conceito de para sempre.

18 abril 2006

Potencial

Ele escrevia. Usava as palavras com a suavidade a que se propagam as ondas de uma melodia perfeita. Ela cantava. Usava a voz com a firmeza e precisão de quem fala sabendo a gramática de cor. Ele era surdo. Ela não sabia ler. Era a dúvida que os juntava.

Medos, pediu ela...

Pediram-me que enumerasse cinco dos meus medos. Sou uma pessoa bastante medrosa, pelo que cinco parece-me um número demasiado pequeno. No entanto deixo-vos com os medos que, mais dia menos dia, me levarão ao divã de um psicanalista.

1. Medo do escuro. Não da noite. Não das luzes apagadas. Mas da total incapacidade de ver. Basta estar num quarto escuro que sinto logo "presenças", "respirações" e afins e entro em stress. Em situações extremas chego a ter ataques de pânico, com falta de ar e tudo...

2. Tenho medo de um dia olhar para o espelho e ver os meus olhos assim. Baços. Com aquela certeza de que é demasiado tarde para se concretizar aquilo que um dia se ousou sonhar. Tenho medo de um dia acordar à beira da morte e descobrir que ainda não vivi.

3. Tenho medo, muito medo, é talvez o meu maior medo, de nunca ser Mãe. Medo de ser infértil. Medo de não confiar em alguém para ser o Pai dos meus filhos.

4. Tenho medo que a morte se esqueça de mim. Medo que o tempo me condene a viver depois do meu tempo. Me obrigue a ver, a conscientemente sentir, o corpo e a alma a definharem lentamente.

5. Tenho medo de não estar à altura. Do que todos esperam de mim. Do que eu espero de mim. Mas sobretudo, de me cegar na busca de reconhecimento alheio, deixando para trás tudo aquilo que EU quero para mim - e que é bem mais simples que aquilo que o Mundo e arredores espera de mim...

Enfim...

17 abril 2006

Gnosei Seauton

Há aqueles que fogem para longe. Há os que ficam acomodados cá. E há os que estão entalados - a cabeça lá, a alma cá e o espírito perdido algures na busca de si mesmo.

É ingenuidade acreditar que conseguimos passar a Páscoa sem falar de religião. Mas garanto que não estava preparada para aquela questão. Assim. Límpida. Directa. Sem que fosse possível fugir sem responder.

"Afinal, acreditas em quê?"
FREE hit counter and Internet traffic statistics from freestats.com